domingo, 29 de março de 2009


Projeto: SEMEAR, Seminário Missionário Evangélico de Angola


Justificativa:

Angola é um país emergente, segundo estimativas recentes é um dos países que mais cresce no mundo. A necessidade de Angola e da maior parte dos países da chamada África negra não é de evangelização, mas sim de ensino, o que a Angola de uma forma geral precisa com urgência é de professores que os ensinam aguardar os ensinamentos de Jesus Cristo. Angola hoje tem potencial humano para auto evangelização, portanto um seminário missiológico-teológico, chegará em boa hora, para o estabelecimento de uma igreja autóctone, auto sustentável, auto propagavel e auto governável.

Visão:

Treinar pastores e líderes autóctones em Angola.

Propósito:

Levar um treinamento de qualidade as distintas lideranças locais, sem ônus para os alunos.

Resultado:

- Garantir uma liderança mais preparada e capacitada para estar à frente da igreja. Algumas igrejas em Angola, principalmente em bairros periféricos, tem rituais em seus cultos que trouxeram da macumba, e alguns líderes mesmo depois de convertidos não mudaram ainda este hábito.

-Incentivar os alunos treinados a partilhar o conhecimento adquirido com outros pastores.

1. Panorama Geral.

República de Angola é o nome oficial deste país, Luanda a sua capital, o idioma oficial é o português e as principais línguas regionais são: quimbundo, umbundo, quicongo, ovimbundo, bacongo.
O sistema de governo é presidencialista. E o país é dividido em 18 províncias, o chefe de Estado e de governo é José Eduardo dos Santos, membro do Movimento Popular para Liberdade de Angola (MPLA), desde 1979 eleito em 1992. Os dois principais partidos são o MPLA e União Nacional para Independência Total de Angola (Unita). O legislativo é Unilateral-Assembléia Nacional, com 223 membros eleitos por voto direto para mandato de 4 anos. A constituição está em vigor desde 1975.
A economia desta nação encontra na agricultura, café (5,3 mil t), cana-de-açúcar (290mil t), mandioca (2,3 milhões de t), milho (369,5 t), batata doce (190 mil t), (1997).
Pecuária: bovinos (3,55 milhões), suínos (830 mil), ovinos (250mil), caprinos (1,5 milhão, aves (6,5 milhões) (1997)).
Pesca: 80,7 mil t (1995)
Mineração: diamantes (2,5 milhões de quilates), petróleo (259,15 milhões de barris) (1996).
Indústria: extração e refino de petróleo.
Parceiros comerciais: Portugal, Alemanha, Holanda (Países Baixos), EUA, França, Reino Unido.Relações Exteriores
Organizações: Banco Mundial, FMI, OMC, ONU, UA, SADC.

Situação e Localização Geográfrica
A República de Angola está situada ao sudoeste da Àfrica e tem uma extensão de 1.246.700 quilômetros quadrados dividida em 18 províncias administrativas. Está situada no hemisfério sul e limita-se ao oeste, ao longo de 1.600 quilômetros, com o Oceano Atlântico; ao norte com a República Democrática do Congo (antigo Zaire), ao leste com Zâmbia e ao sul com Namíbia.
A religião em Angola é caracterizada da seguinte forma: cristianismo 70,1% (católico e protestantes), religiões tribais 29,9% (1995).


3. Perfil dos Habitantes

Os habitantes de Angola são, em sua maioria, negros (90%), que vivem ao lado de 10% de brancos e mestiços. A maior parte da população negra é de origem banta, destacando-se os quimbundos, os bakongos e os chokwe-lundas, porém o grupo mais importante é o dos ovimbundos. No Sudoeste existem diversas tribos de boximanes e hotentotes. A densidade demográfica é baixa (8 habitantes por quilómetro quadrado) e o índice de urbanização não vai além de 12%.

4. Estratégias

a) Estrutura.

Edifícios:
com no mínimo cinco salas, que servirão para aulas teológicas, missiológicas e cursos profissionalizante ( o objetivo é trazer a sociedade para perto da escola).

Salas poderão também ser usadas para receber os professores visitantes, e/ou parceiros missionários. (uma casa modesta).

Estes alojamento servirão ainda para receber aqueles profissionais que não têm muitas disponibilidade e que gostariam de doar alguns dias de suas férias ajudando e servindo na África, tivessem onde se hospedar e poder viabilizar o seu trabalho.

Um refeitório para atender crianças com dificuldades de alimentação.


Biblioteca Bíblica Pública. (numa das salas funcionará uma biblioteca accessível a todos que desejarem estudar).

d) Evangelização através de Esportes e Artes. ( os jovens angolanos são muito dados a esportes e artes, principalmente o futebol. é comum ver pelas ruas de Angola, jovens e crianças correndo atrás de uma bola feita de meia ou de sacola, quando jogam com lata ou garrafa pet vázia. o esporte é mais um canal de evangelização).


Contatos:

semearangola@hotmail.com
blog.
http://www.projetosemearangola.blogspot.com/

fones. 00xx244.923696521. Angola
00xx244.925618325. Angola
00xx244. 927085236. Angola

0xx33. 3275.7805. Brasil
0xx31.3824.9646. Brasil

Njinga a Princesa Missionária de Matamba, em Angola.

Njinga era uma rainha missionária. Quando recebeu o evangelho em seu coração fez questão que toda a sua tribo a seguisse.

Esta mentalidade não encaixa na cultura ocidental de um evangelho pessoal, onde as decisões também as são. O presidente ou o primeiro ministro do mundo ocidental são eleitos em nome do povo para todo o povo, assim como os Governadores ou Prefeitos são eleitos pelos votos da maioria.

Mentalidade inversa ao que encontramos nas tribos, onde as tarefas são divididas em grupo, e todos sabem qual é o seu papel como indivíduo e no seio da sociedade, os homens vão a caça ou a pesca e as mulheres à lavra (roça). E quando vão matar o leão todos matam em conjunto com várias flechadas.

Aprendi que no ocidente as pessoas vivem pelo tempo ao passo que no oriente as pessoas vivem em torno dos eventos.

Tenho uma tia que era espetacular nunca avisava que ia chegar, chegando com seus dois filhos, um casal, ficava um dia, uma semana, um mês enfim, deixava os seus filhos ia embora sem avisar também, depois de um tempo considerável voltava pegava os seus filhos iam embora. Lembro que nunca nos aborrecemos com tais situações, para nós era natural, mamãe nunca se aborrecia com aquela situação na realidade só achei que era diferente quando cheguei aqui no ocidente.

Temos muito a agradecer aos missionários ocidentais, principalmente aqueles motivados por William Carey, considerado o pai das missões modernas, que segundo alguns missiólogos eles tinham bem menos informações sobre missões que nós hoje, uma boa parte de nossa missiologia é fundamentada nos estudos que eles concluíram, ou em alguma gafe que eles cometeram, tanto é que a fenomenologia da religião é uma matéria recente. Mesmo assim eles não pouparam esforços, foram avante e triunfantes como Charles Studd e foram capazes de morrer por esta nobre causa como o já dito David Livenstone.

Fundaram escolas de educação religiosa como no Kessua em Malanje, província de Angola, ensinavam musicas, canto, danças para jovens de todo país. A tradução da Bíblia para muitos idioma angolanos foram feitos por estes missionários, havia idioma que nem escrita tinha, eles fizeram um dicionário, gramática e um hinário para o povo adorar a Deus em seu idioma.

Pode-se citar o caso do missionário Héli Chatelain, nascido na Suíça em 1859, chegou a Angola com 26 anos. Pastor protestante, integrava as Missões Independentes em África, do bispo norte-americano William Taylor, sendo seu trabalho aprender as línguas a ensinar aos missionários e preparar gramáticas, vocabulários, e outros livros necessários ao seu ofício. Na verdade para além da volumosa coleção de contos quimbundos, Chatelain publicou uma gramática e ainda um livro de introdução à cultura lingüística angolana. No campo religioso, chamou a si o encargo de verter para quimbundo os Evangelho de São João e de São Lucas. Veio a falecer na sua pátria em 1908, (Viale Moutinho. 2000).

Eu particularmente sou muito grato a Deus pela vida desses missionários, mamãe estudou no Kessua, com isso ela teve um grande contato com esses missionários, nós ganhamos, nascemos em um lar cristão e aprendemos a orar e ler a Bíblia. Mamãe dizia que se cantava na Luanda daquela época “Meninas, Rapazes e Moças de Luanda iremos ao Kessua aprender canções, não é só canções que se aprende lá devido à simpatia”.

Os jovens atendiam este chamado e uma geração era forjada nos caminhos do senhor, tanto é que os dois maiores protagonistas da guerra em Angola, são filhos de pastor e pregador Evangélicos.

A Rainha Njinga procedeu como era de costume em sua tribo, em que os súditos tinham que obrigatoriamente seguir os ideais da rainha, para eles seria inconcebível cada um ter idéias próprias, seguir seu próprio caminho. Atitudes como estas eram tachadas de rebeldia, e o rebelde geralmente era afastado da tribo condenado a viver desolado e isolado.

Em uma tribo como de Njinga ninguém poderia ter a sua própria religião ou seguir o seu caminho solitariamente seria um simples convite a sair do programa cultural, haja vista que os membros da cultura tinham que se manter sempre unidos coligados para se fortalecerem quando fossem atacados em guerras tribais.

Alguns missionários do ocidente tiveram muitas dificuldades para alcançar estas tribos. Primeiramente adquiriam um guia que era geralmente pago por presentes às vezes irrisórios, o fato destas pessoas receberem tais presentes produzia desconfiança da tribo, normalmente estes guias eram pessoas não benquistas pela tribo, eram pessoas apaixonadas pelo ocidente, que buscavam um caminho diferente.

O missionário andando com uma pessoa tão desagradável pela tribo trazia uma rejeição subjetiva da parte dos nativos. Meu professor de contextualização sempre dizia que quando chegava em uma tribo procurava o Soba, líder da tribo, e o pai espiritual dela (o feiticeiro), com isto ele conseguia a aceitação da liderança local.

Estes nativos sentiam-se respeitados e reconhecidos por um ocidental, portanto não se recusavam em começar um dialogo com o intruso. Assim as portas eram abertas para a pregação da palavra de Deus.

Creio que assim procederam aos missionários que evangelizaram a rainha Njinga, reconheceram a sua majestade pediram permissão para entrar em seu território, com tão bela atitude conquistaram para Deus o coração e a tribo desta nobre rainha.

Stephen Neill (1997. 201,202) declara que,

Em quase todos os casos a história foi sempre a mesma. Um ou outro chefe local mostrava interesse pela igreja ou era mesmo batizado. Mas quando um dos chefes se tornava cristão, era quase certo que o seu sucessor seria um pagão acérrimo, e que as tendências cristãs do primeiro seriam neutralizadas pelo vigor anticristão do segundo. Sabemos assim da conversão em 1655 de uma princesa de Matamba, em Angola, Chamada Njinga. O desejo da princesa de trazer o seu povo à fé cristã provocou uma profunda nos potentados vizinhos. Em 1633, Njinga escreveu... pedindo que lhe enviassem mais missionários. Mas poucos anos depois morria e nada mais se ouviu acerca do seu movimento prometedor.
Njinga, batizada em 1622, fora depois relapsa e pertencera à seita canibal dos jaggas. Como resultado do seu arrependimento posterior, trinta anos mais tarde, 8000 pessoas tornaram-se cristãs entre 1655 e 1663.

Kwsediwa

Lueji, princesa Angolana.


Sempre gostei de Lueji, gostava de ler decorando a história da princesa Lunda na literatura angolana da 5a e 6a Classes. “Na tacula sangrenta do seu tálamo real, leito que deu agasalho a muitos amores vadios”.

Lueji era uma princesa angolana, filha e neta de reis que se apaixona por um caçador de uma tribo inimiga, abre mão de seu reinado e seus status sociais para viver um amor proibido.

Como na cultura Lunda, muitas outras culturas angolanas, conservam o tribalismo, proíbem o casamento com membros de outras culturas e fundamentam o levirato, para que assim a viúva tenha alguém para a cuidar, como em Israel em dias de Rute isto é o que chamamos preservação cultural.

Para diversas culturas africanas a mulher depois de casada não tinha muitas chances de casar novamente, principalmente com alguém que nunca tinha se casado.

A cultura ocidental jamais entendeu isso, os conceitos básicos culturais não penetram na cabeça de um ocidental nem adentra em seu coração ou entendimento.

O missionário ocidental tem muitas dificuldades em entender que Lueji não poderia se casar nem viver um romance com o forasteiro caçador que conheceu quando ia ao riacho.

Com isso houve algumas interferências dos missionários no que tange a cultura africana expressando que o amor estava à cima da cultura, trazendo uma mentalidade essencialmente ocidental.

Certo missionário ocidental e sua família em Angola foram convidados a almoçar, como é de costume em algumas igrejinhas do interior fazer um grande almoço para oferecer aos missionários. O visitante reparou na simplicidade do ambiente e das pessoas rejeitou a comida e insistiu a seus filhos a fazer o mesmo.

Por um longo período aquelas pessoas acreditaram que os missionários estrangeiros não gostavam deles, pois para eles a rejeição de sua comida era como se tivessem rejeitando a eles mesmo, haja vista que em sua mentalidade a solidificação de uma comunhão residia no partir do pão juntos.

Esta atitude fez que se fechassem as portas para muitos missionários ocidentais por muitos anos, até o dia que chegou um novo missionário que procurou se aculturar, mesmo que ninguém lhe oferecesse comida (com receio de uma nova rejeição) o missionário procurou comer com eles, esta atitude tão bonita, fez quebrar a cortina de ferro, então aqueles indivíduos entenderam que também havia missionários que gostavam deles.

Quantas luejis devem existir em lugares remotos na África, que amam e se apaixonam por pessoas de outras culturas, a pesar do ser humano ganhar características culturais o coração se apresenta sempre como sendo supracultural.

O coração não tem cultura, os olhos e a alma se enlaçam por uma paixão, se envolve em traços de rosto bonito, um sorriso encantador ou em um conjunto de palavras cativantes.

Lueji ousou, desafiou a sua cultura, anciões, e fugiu com o jovem forasteiro, foi viver um amor, o seu amor, o que foi catalogado por amor vadio, sem eira nem beira, a história omiti o final da vida de Lueji, mas apresenta claramente a decisão de uma moça que enfrenta a oposição de seu pai e avós. Quantas e quantas donzelas como ela submeteram-se aos amores preestabelecidos pelos seus pais e parentes, conseguiram se adaptar aquela circunstâncias (o casamento) e se tornaram também vitoriosas.

Alguém escreveu que, “o coração tem razão que a própria razão desconhece”.

Kwzediwa.

igreja em Angola: Sua Missão, Desafios e triunfos
Igreja em Angola: Sua Missão seus Desafios.


Contar histórias é sempre um desafio. Contar uma história de forma coesa e incisiva é ainda mais desafiador. Por isso, descrever, mesmo que seja em breves palavras, a história da igreja em Angola representa um grande teste porque a história deste país é segmentada e a Igreja segue com ela todos os percalços da caminhada.

A igreja tanto católica como protestante em Angola não tem legitimidade alguma, perdeu o seu papel de propagador do reino de Deus aderindo a ideais políticos partidários ou ainda de omissão. Ela chegou à tentativa de cristianização por parte do catolicismo e de evangelização do lado protestante. O catolicismo entrou com o colonialismo como a igreja reconhecida pelo império e, o protestantismo entrou pela porta dos fundos, na periferia. Esse fator explica a visão ainda regente do protestantismo como próprio da periferia e a visão do catolicismo como a religião das elites.

Dr. Benedict Shubert, suíço, missionário em Angola de 1984 a 1992 comenta que, “é indiscutível que a hierarquia católica esteve ligada ao poder colonial concordata e que havia um número relativamente alto de protestantes na luta anticolonial, mas também é claro que a igreja católica tinha um sistema muito mais sólido, maior infra-estrutura e uma percentagem alta na cristianização, enquanto a igreja protestante tem ainda muitas facetas e divergências internas”.

“Assim, a igreja católica criou um complexo de superioridade e a protestante um complexo de inferioridade, o que complica o diálogo em nível oficial, porque na base, nos campos, o dialogo, às vezes, é muito bom e outras vezes não existe”. sublinha o pastor protestante.

Com a adesão do MPLA, Movimento Popular de Libertação de Angola ao socialismo e o deslocamento da UNITA, União Nacional para Independência Total de Angola para o interior de Angola, a guerra civil teve início e o país se dividiu em dois, assim como, a história de Angola e da própria Igreja Cristã angolana que nascia. Normalmente, a história da igreja cristã angolana é vista sob duas óticas: A da UNITA e a do MPLA.

Esta visão não ficou só nos quintais denominacionais angolano. Todo o mundo via a Angola bipolarizada, a Angola oficial do MPLA, favorecida pela esquerda européia, e a Angola de Jonas Savimbi, líder da UNITA.

Dr. Benedict declara com razão que, “literatura partidária é aquela que consultou. Crê não existir nenhuma tradição de uma leitura crítica da história em Angola. Com raras exceções uma literatura sempre escrita para servir a fins políticos”.

Mesmo dentro das igrejas tem sido difícil encarar o passado. É mais comum oferecer uma imagem do passado que sirva a determinados interesses. Concordo com certo pastor que diz não haver pesquisa independente nem dependente em Angola. Simplesmente, não há pesquisas.

A igreja em Angola nasceu da motivação de William Carey em alcançar os povos pagãos nos confins da terra. A Sociedade Batista Missionária de Londres enviou ao país um dos primeiros missionários. Também passaram por essa terra ilustres desbravadores, como David Livinstone, que findou os seus dias na África.

Hoje a Igreja cresceu e é a única organização não política que se solidificou durante o período conturbado de guerras étnicas e civis. Ela seguiu vitoriosa mesmo ante as palavras do primeiro presidente de Angola, António Agostinho Neto, que afirmou, “dentro de 20 anos não haveria Igreja em Angola”. Ele morreu naquele mesmo ano (1979) e a igreja se solidificou cada vez mais.

O desafio da igreja hoje está no crescimento das igrejas carismáticas que crescem avassaladoramente mesmo diante das barreiras. O governo angolano não reconhece estas organizações que tem proporcionado algum conforto para esse povo tão machucado pela guerra.

Creio que o tempo em Angola é de convergência. Devemos dar boas vindas àqueles que de coração querem ajudar na reconstrução do país. Nesse sentido, é notório o papel da Igreja na história de Angola e de diversos países, trazendo consigo o seu bálsamo, que produz um refrigério para a alma afligida nesta terra e a promessa veraz de um futuro eterno na glória do lado de Deus.
kwzediwa

Mitologia cultural como ponte para a exposição bíblica




Meu querido leitor, neste último capítulo vamos falar sobre a felicidade através de mitos africanos. Pergunto: Por que é importante usar a mitologia cultural como canal para exposição de histórias bíblicas? Ora, o apóstolo Paulo empregava de forma eficiente as lendas do povo como ponte para a sua exposição bíblica.
Um grande exemplo encontra-se em Atos, quando, no Areópago, aproveitando a existência de um altar “ao Deus Desconhecido”, ele falou ao povo a respeito do Deus Vivo o Criador. Vejamos:

“Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade”. Por isso, dissertava na sinagoga (...) também na praça, todos os dias (...) E alguns dos filósofos epicureus e estóicos contendiam com ele (...), pois pregava a Jesus e a ressurreição. Então, tomando-o consigo, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos saber que nova doutrina é essa que ensinas? Posto que nos trazes aos ouvidos coisas estranhas, queremos saber o que vem a ser isso.
Pois todos os de Atenas e os estrangeiros residentes de outra coisa não cuidavam senão dizer ou ouvir as últimas novidades. Então, Paulo, levantando-se no meio do Areópago, disse: Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio.
O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação (...) bem que não está longe de cada um de nós; pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos (...) Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos.”.
Atos 17.16-31

Conta-se que certa epidemia assolava a Grécia, mais especificamente a cidade de Atenas. Então a elite e a comunidade se reuniram no intuito de buscar motivos e procurar um antídoto que curasse a doença.

Chegando à conclusão que o problema era de ordem espiritual, as autoridades resolveram pedir ajuda a Arquimedes, cretense, que lhes propôs que na manhã seguinte soltassem os animais e os levassem aos pastos, para que se alimentassem.
Ora, os cretenses, habitantes da Ilha de Creta, tinham uma fama histórica de serem mentirosos. O apóstolo Paulo, na sua carta a Tito, assim escreveu: “Foi mesmo, dentre eles, um seu profeta, que disse: Cretenses, sempre mentirosos, feras terríveis, ventres preguiçosos.” (Tito 1.12).

Aconteceu que, naquela manhã, quando os animais foram soltos, diante do pasto, alguns deles simplesmente se deitaram e não se alimentaram. Então, segundo dizem os historiadores, os atenienses erigiram ali altares “ao Deus Desconhecido”, e daquele momento em diante a epidemia teria cessado.

Andando por Atenas, Paulo descobriu um desses altares – ele provavelmente conhecia o contexto histórico – e nele baseou toda a sua dissertação, dizendo que aquele Deus que eles não conheciam era o Deus Verdadeiro, e que Ele veio ao mundo.

Pedro e os demais apóstolos também usaram palavras de Sócrates, filósofo da Antigüidade, quando foram proibidos de pregar o Evangelho em Jerusalém: “Antes importa obedecer a Deus do que a homens”. Vejamos o episódio:

“E crescia mais e mais a multidão de crentes, tanto homens como mulheres, agregados ao Senhor, a ponto de levarem os enfermos até pelas ruas e os colocarem sobre leitos e macas, para que, ao passar Pedro, ao menos a sua sombra se projetasse nalguns deles. Afluía também muita gente das cidades vizinhas a Jerusalém, levando doentes e atormentados de espíritos imundos, e todos eram curados.
Levantando-se, porém, o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele, isto é, a seita dos saduceus, tomaram-se de inveja, prenderam os apóstolos e os recolheram à prisão pública.
Mas, de noite, um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere e, conduzindo-os para fora, lhes disse: Ide e, apresentando-vos no templo, dizei ao povo todas as palavras desta Vida.
Tendo ouvido isto, logo ao romper do dia, entraram no templo e ensinavam. Chegando, porém, o sumo sacerdote e os que com ele estavam, convocaram o Sinédrio e todo o senado dos filhos de Israel e mandaram buscá-los no cárcere.
Mas os guardas, indo, não os acharam no cárcere; e, tendo voltado, relataram, dizendo: Achamos o cárcere fechado com toda a segurança e as sentinelas nos seus postos junto às portas; mas, abrindo-as, a ninguém encontramos dentro.
Quando o capitão do templo e os principais sacerdotes ouviram estas informações, ficaram perplexos a respeito deles e do que viria a ser isto. Nesse ínterim, alguém chegou e lhes comunicou: Eis que os homens que recolhestes no cárcere, estão no templo ensinando o povo.
Nisto, indo o capitão e os guardas, os trouxeram sem violência, porque temiam ser apedrejados pelo povo. Trouxeram-nos, apresentando-os ao Sinédrio. E o sumo sacerdote interrogou-os, dizendo: Expressamente vos ordenamos que não ensinasses nesse nome; contudo, enchestes Jerusalém de vossa doutrina; e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem.
Então, Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens. O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes, pendurando-o num madeiro.”.
Atos 5.14-30

Os povos africanos desenvolveram muito a tradição da transmissão oral da cultura. As histórias eram contadas de geração a geração.

Nas tribos angolanas, o Jango – uma espécie de quiosque com uma fogueira no centro – foi um lugar muito especial e desempenhou um importante papel na vida cultural da comunidade. Era como o “Areópago” dos atenienses.

As pessoas se sentavam em luandros – esteiras – ou mesmo em troncos de árvores, e as histórias eram contadas para os jovens e as crianças antes de dormirem. Assuntos relevantes da tribo também eram tratados ali entre os adultos e os anciãos.

Minha sugestão é que os missionários na África, em vez de construírem “catedrais” no estilo ocidental, aproveitem estas oportunidades, quando as pessoas se reunirem no Jango, que ainda é um local sério e respeitado, para contarem histórias da Bíblia, desde o Gênesis, com a narrativa da Criação, até o plano divino de salvação para a humanidade.

Os recursos financeiros devem, então, ser investidos no auxílio às comunidades locais, com o desenvolvimento de trabalhos sociais.

Em lugar de igrejas devem ser edificados jangos, que fazem parte do contexto sociocultural das tribos, sendo, portanto, mais eficientes para a pregação da Palavra de Deus.

Todas as culturas têm histórias que descrevem sua raiz e origem. Na Zâmbia, por exemplo, existe um povo chamado Toga-leya, que tem uma história especial para falar do relacionamento com Deus.

Diz à lenda que cada pessoa se relacionava diretamente com Deus, até que um dia uma mulher bateu n’Ele. Então, aborrecido, Ele Se foi. Com isso o único meio de comunicação com Ele passou a ser por intermédio dos chamados “mortos viventes”. Estes eram aqueles que gozavam de algum status social, considerados famosos na tribo, cujos nomes nunca seriam esquecidos.

Um outro nível de “seres espirituais” que os integrantes da tribo criaram eram os mortos esquecidos, pessoas consideradas desagradáveis, as quais não seriam lembradas.

Destas criaturas, com as quais podemos fazer uma analogia com entidades cultuadas em seitas afro-brasileiras, derivavam, segundo a tribo, todas as epidemias.

O povo Toga-leya acreditava ainda em um espírito demoníaco, que tomava completamente as pessoas quando estas queriam fazer mal a alguém que lhes tivesse prejudicado. Era um espírito muito temido.

Os missionários aproveitaram essas crenças e apresentaram Deus a este povo de uma forma completa. Explicaram que Deus sempre quis Se relacionar com as pessoas; por isso, enviou o Seu Único Filho, Jesus Cristo, ao mundo. Ele morreu pelos pecados de todos, tornando-se o Restaurador da comunicação com Deus.
Explicaram também que não temiam o espírito demoníaco, pois Deus havia lhes dado o Espírito Santo, que é maior que ele. Assim, muitos daquela tribo se converteram ao Senhor e Ele foi glorificado.
Mungueno,
Kwzedywa.

Estratégia Missionária: Uma África com Face Ocidental.


Ouve-se com glamour a cerca das cruzadas evangelisticas na África. Este trabalho pegou a minha infância, adolescência e uma fatia pequena da minha juventude. No entanto deixou algumas seqüelas e é sobre ela que gostaria de falar.

Os encontros eram marcados com certa antecedência, os lugares eram estádios de futebol, ginásios esportivos e terrenos baldios bem aplainados.

Os missionários preparavam um script que a igreja seguia, em alguns lugares eles enviavam a sua equipe para o trabalho pessoal o pré-evangelismo.

Angola vivia um período de guerras à crise espiritual era evidente, o regime então era socialista marxista-leninista, onde o ateísmo sobrepujava.

Acredita-se que havia mais pessoas querendo o evangelho do que missionários para discipula-los. Os testemunhos deste trabalho são amplo, pessoas andam 20, 30 kilometros a pé até onde estava os missionários. Outros chegavam de ônibus lotados, comumente chamados de pau de arara, aqueles que transportam as pessoas do nordeste brasileiro que vão para o estado de São Paulo. Poucos levavam alimentos, outros iam de estômagos vazios, a sede de Deus era tanta que isto não era motivo para refrear a sua fé, a igreja de Cristo crescia muito e rapidamente.

Certo pregador numa cruzada no ginásio do Enama em Viana cidade satélite de Luanda capital de Angola declarou do final de seu sermão “Nós não vamos te obrigar a entregar a sua vida a Jesus, pois nós mesmos não temos lugar para colocar os nossos membros!” que insensibilidade.

Outro missionário respeitado no Brasil expõe em seu livro que uma senhora tetraplégica que saiu da sua tribo se arrastando em um trajeto de alguns kilometros para a aldeia onde o missionário estava fazendo seu trabalho. Sensibilizamo-nos com a maravilha que o Espírito de Deus faz em tocar nos coração dessas pessoas. Mas as Sagradas Escrituras nos declara que se os homens não fizerem as pedras clamarão.

Reconheço e admiro o trabalho desses missionário que vão até as tribos a exemplo do caso citado. Outros creio que não sabiam das nossas dificuldades pessoais até porque eles não conviviam conosco, para eles eram alugados hotéis de luxo, carros confortáveis e chegavam como santos da última hora. Este ano foi em Angola para um show gospel uma cantora de renome aqui no Brasil, escolheu um hotel de luxo, cantou do cinema Atlântico em Luanda e cobrou em dólares em um país que há dois anos saiu de uma longa guerra com a economia totalmente defasada. Jesus está sendo pregado na África este é o slogan.

A maioria dos nossos seminários treina pastor para enviar aos campos de missões, alguns dos nossos centro de missões expõe mais matérias teológicas do que missiológicas, produzindo assim no indivíduo dificuldades para se adequar a uma cultura, o choque de cultura é inevitável, a aculturação será mais difícil se o missionário não for bem preparado. No Brasil envia-se muitos missionários, mas em contrapartida muitos missionários tem voltado dos campos de missões, alguns deles com grandes problemas psicológicos. Precisa-se de candidatos bem preparados como a igreja de Antioquia, que cedeu para missões o que ela tinha de melhor Paulo e Barnabé, aos meus olhos bem diferente do que ocorre em nosso processo de seleção de missionários.

Voltando para as campanhas veremos que o método usados eram essencialmente ocidental, de campanhas, cruzadas, evangelismo em massa etc. Creio que a própria nomenclatura não era feliz, campanhas nos fazia lembrar das rusgas, quando o governo angolano obrigava os jovens a servir nos campos de batalhas, pegavam jovens nas ruas que chegavam da escola, do trabalho, e colocavam a força em seus carros militares. As mães avisadas pelos vizinhos seguiam chorando porque muitos deles já mais voltavam e outros quando voltavam chegavam mutilados. Cruzadas no mundo muçulmano faz lembrar das guerras entre os cristãos e os islâmicos, batalhas que até hoje deixa muitas cicatrizes de ambos os lados. Evangelismo em massa é o mais suave que tem apesar de lembrar em que os negros eram levados em massa aos navios negreiros, esta visão traz um toque anti-pessoal, um processo de evangelização coletiva. E era assim que nós nos víamos.

Os pastores da igreja angolana se vestiam como os ocidentais, ternos e gravatas, os reverendos das igrejas históricas se vestiam como os reverendos dos filme faroeste americano com aquelas camisas clericais em pleno sol escaldante da África. Reproduziu-se na sofrida África os trejeitos da vida moderna ocidental. O que precisamos na África, no entanto é de uma reeducação prática e doutrinária.

Um fato jocoso é ver os adeptos de hip-hop em Angola, debaixo de um sol ardente colocam aquela touca de lã e casacos, sobretudo americanos, assim como os seus congêneres da América, o sofrimento era claro, mas estar na moda do estrangeiro era um desejo que valia aquele preço.

Os africanos tiveram sua história passada de forma oral corrigido, sentados em círculos nas praças, debaixo de uma árvore, em volta das fogueiras ou aos pés de um ancião. Em um livro de leitura do 1o Nível (1o grau) angolano é contada a história do vovô Kituxi, que todas as noites contava uma história no Jango (uma espécie de grande palhoça). Se os missionários analisassem esta idéia, por exemplo, antes das pessoas na tribos dormirem pedirem licença ao Vovô Kituxi e contar uma história que eles não conheciam a história de um Deus que desceu do céu viveu conosco, morreu a nossa morte para que nós tivéssemos o privilégio de viver sua vida, este Deus ressuscitou subiu ao céu de onde um dia virá nos buscar para vivermos eternamente do céu do seu lado, a possibilidade de alcançarmos os seus corações será muito grande.

Confesso que saia muito confuso daquelas cruzadas principalmente quando os pregadores não falavam português e usavam tradutores não sei se era por minha pouca idade ou porque não comunicava nada em mim, no final muita gente se convertia, mas eu não entendia nada, isso me lembra quando cheguei aqui no Brasil, era convidado a pregar em algumas igrejas evangélica do Rio Grande do Sul, não entendia a expressão facial do povo, me perguntava será que estas pessoas estão me entendendo mesmo?
É comum encontrar na África aquelas catedrais góticas, aqueles templos suntuosos, no meio de casinhas de sapé, palhoças e de pau a pique. Será que não seria mais relevantes construir mais jangos, e usar o dinheiro destas luxuosas construção para edificação de igrejas, escolas e promover o saneamento básico?

Alguns missionários não comem a comida do povo, trazem contêiner de comidas, biscoitos, chocolates e coca-cola como se fossem alimentos básicos. Não tiram ofertas nem deixam que os africanos participam de contribuição no sustento pastoral ou da construção da igreja, nem sugerem que se dê o dízimo com milho, feijão, arroz o fruto do seu trabalho. Aqueles chegam das tribos e dão presentes ganhando os nativos com presentes. No entanto se produziu a atitude do me dá me dá que encontramos em diversas tribos do mundo, a atitude dos nativos é de levar vantagens como criança que é educada com regalias. Depois nós missionários criticamos que o povo só quer receber, nos esquecemos que fomos nós que forjamos esta mentalidade neles.

Muitas vezes nos deparamos com pregações de uma mente estrangeira, só traduzida para o dialeto, não sendo feita uma reflexão prévia para a cultura em questão (modo de pensar e de agir dos nativos). Certa vez assistimos na África um sermão culturalmente brasileiro (até as ilustrações eram importadas) voltamos questionando o que queriam dizer com aquilo! Não entendemos nada.

Por acaso a Bíblia traduzida do português para os dialetos não vêm com a cultura dos europeus, com os seus conceitos e preconceitos! Não deveria se traduzir a Bíblia na maneira de pensar do africano? Que tal ao invés de trocar palavras, traduzir idéias? Essas são algumas considerações para uma literatura essencialmente africana.

Em algumas igrejas angolanas a liturgia é tradicional, alguém que viveu no ocidente no século XVIII não se sentiria deslocado, os hinos são os mesmos no então as melodias também. Hora de levantar, sentar, orar, em suma importada. Nessas igrejas cantam hinos como alvo mais que a neve. Só que um contexto onde nunca se viu neve, nem pela televisão naquela época não tinha. Sugere-se, por exemplo, que cantem alvo como algodão, algo que já viram teria mais feito na mente e adentraria até o coração.

Sonhamos, oramos e procuramos agir por uma África diferente, com uma teologia africana, literatura que reflete a nossa cara, que fala ao nosso coração, que é baseada em nossos princípios que reflete o nosso dia-dia, sim uma África com cara de África e um Jesus Cristo sem ser loiro e longe de ter os olhos azuis. Kuzediwa. Felicidades.

Samuel Escobar comenta com razão “O mundo de amanhã não precisa de latino-americanos que aspirem por viver na comodidade e no luxo dos missionários norte-americanos e europeus, mas de latino-americanos que convençam seus parceiros norte-americanos e europeus que se pode viver com simplicidade e alegria, com os meios estritamente necessários para realizar a obra, e um senso de satisfação que vem da fidelidade ao chamado de Deus”.
Mungueno,
Kwzedywa.

Desmistificando a Cultura Africana

Toda cultura oferece três aspecto, não necessariamente na ordem; o primeiro é o divino, o segundo demoníaco e o terceiro antropológico ou humano, dentro deste último é que gostaria de me focalizar um pouquinho, no aspecto propriamente cultural.

Com o advento dos escravos para o Brasil, a cultura africana foi estrimamente relacionada com a religião desses africanos, dificilmente faz-se a distinção do que é religião e o que é cultural, por exemplo todo trabalho cultural africano é demonizado, macumbanizado, se eu der de presente uma escultura de madeira feita por um africano a um cidadão comum no Brasil dificilmente vai aceitar sem resalvas.

Não sei se o demônio está na madeira ou na mão do africano, bom creio que na mateira não está pois muitas vezes é usada para a fabricação de mobília, mesa, cadeira, janela, guarda-roupa etc. desde já é um equívoco muito grande. A religião não está na arte das pessoas mas no coração, realmente muitas vezes é representada na arte.

Para tal é preciso também que se entende que nem todo africano é praticante da macumbaria, candomblé etc. Essa imagem está contida no senso comum de que a evangelização da África é coisa recente, a própria Bíblia numa análise simples já revela o batismo de Felipe a um Eunuco etíope, crendo-se que a partir desse eunuco o evangelho chegou na África, a história da igreja nos fala de outros missionários e apóstolos que foram para África poderíamos citar o próprio Tomé.

Também não é muito feliz a citação de muitos missionários que dizem que levaram o avivamento na África, com certeza precisam saber as história de Andre Murraw , Samuel Morris ou mesmo do Bispo Desmon Tutu, aliás muito divulgadas no Brasil.
Muitas pessoas me perguntam; qual foi o missionário que me evangelizou. Digo a eles que nasci num lar cristão e falo um pouco para eles do Kessua, eles ficam atónitos com essas histórias.

A África estava presente no despertar missionário de William Carrey, considerado o pai das missões modernas, deve missionários como C.T Studd e desbravadores como David Livinstone, missionário desbravador que descobriu o rio zambeze um dos rios de Angola, esteve em Luanda, minha província e como reconhecimento a tão grande doação seu coração foi enterrado debaixo de uma árvore na nossa África.

Seria de uma grande omissão dizer que a evangelização da África se dá agora, e seria um ato pouco solidário a esses tão valorosos homens e outros tantos ilustres desconhecidos. Que doaram suas vidas neste rico continente para salvação de almas perdidas.

É notório que é relevante o trabalho que está sendo muito feito por esses queridos irmãos missionário, mas como dizia o apóstolo Paulo, uns plantam, outros regam, mas o crescimento sempre vêm do senhor. Seria megalomaníaco dizer que alguém trouxe o crescimento na África fora o Senhor.

Em algumas igrejas permitisse jogar futebol, basquete, volley etc, mas não se pode jogar capoeira por exemplo, o futebol é santo? E a capoeira é da macumba! Em outras igrejas igrejas permitem a músicas sacras que muitas delas são de melodias tiradas do botecos da europa moderna e não se pode cantar o samba, rap, reggae ou ao som de hungo, berimbau ou percussão, a percussão também está demonizada! Encontra partida teclado, violão, pião são sacros.

Me pergunto sempre quais critérios se usa para tal resultado. Quero muito acreditar que não tem nada a ver com a origem dos instrumentos ou da cultura, mas analise fria quer muito me conduzir para o outro lado.

O futebol é inglês – Europa, a capoeira é angolana – África, os hinos sacros vem da europa e o samba nasce do Semba que é uma dança angolana – africana, talvez minha análise vem sendo tendenciosa, pode até mesmo nascer do fato de influência o cristianismo vem com os Europeus-Americanos e o Candomblé com os africanos em em matéria de associação, as pessoas associaram a cultura e a religião.

Realmente é muito difícil separar o que é meramente cultural e o que é da religião da pessoa, a religião tem normas de comportamento, não é difícil que os novos adeptos consigam os passos do missionário e muitos com estilos paternalistas não ensinam somente o evangelho, mas também a cultura, partindo do modo de vestir até a comida. Daí então nascem os dogmas.

Tanto a escultura de madeira, pura e simplesmente, o acarajé, tapioca e outras iguarias africanas, elas em si só são dádivas de Deus, a mandioca a farinha de milhos não têm demônios, quem consagra são as pessoas. Do contrário nós na África não poderíamos comer nada. Tem uma coisa que os escravos trouxeram e graças a Deus desendemoniou que é a feijoada, meu sincero desejo é que assim que entendemos que a feijoada em si não tem demônio as outras coisas também não.

Da mesma forma que pessoas oferecem em encruzilhadas pipocas, nós também comemos pipocas em nossas casas ciente que não é a pipoca que é o problema, mas sim o coração do homem, esta mesma linha de pensamento deve se dar para as artes e culturas.

A uma necessidade de estudo dos escravos africanos a partir de histórias contadas por eles mesmo, de dentro para fora, com certeza seriamos muito mais enriquecidos com suas histórias, seus segredos, táticas de guerras e códigos como a capoeira serviu como arte libertadora.

A bem da verdade a capoeira é uma arte libertadora, deveria ser resgatada e respeitada como é feita com o Samurai. A capoeira foi uma das artes que mantinha os escravos em forma e a mente ocupada.
Deus abençoe
Mungueno.
Kwzedywa.